Liberdade no Ocidente e no Oriente
A história da humanidade é uma
história de tirania. Durante um período grande da história do homem, a grande maioria
da população foi escrava, submissa, servil, praticamente sem direitos.
De repente, no século XVIII, a Europa
que vivia num período de trevas, acorda. Surgem então dois movimentos que foram
decisivos para retirar a Europa da escuridão em que se encontrava: a revolução
industrial na Inglaterra e o Iluminismo na França.
O conceito de liberdade começa então a ser melhor compreendido por um
grande número de pessoas, inclusive pelos reis e ditadores tão avessos à
mudanças. As consequências são: a abolição
da escravidão, abolição do servilismo, supressão da tortura, direito de todos
os cidadãos de se defenderem de uma
acusação, que até então era permitido
somente aos nobres, direito à propriedade, fim das punições cruéis, direito ao
credo religioso na sua pluralidade, direito ao cidadão de se expressar livremente, do cidadão de se
educar, o que até então era privilégio somente dos clérigos e nobres do sexo
masculino, direito às mulheres de trabalharem fora, antes somente privilégio
dos homens. Estes e outros direitos, a partir do século XVIII, começam a se
consolidar na civilização ocidental.
Ao garantir aos indivíduos
o direito à liberdade, o resultado foi uma mudança extraordinária no arbítrio que até então
existia. Como escreveu Mises: ‘’Anulou
os privilégios e promulgou a igualdade de todos os homens perante a lei.
Transformou as vítimas da tirania em cidadãos livres.”
É verdade que
apareceram tiranos, ditadores cruéis no ocidente, que quiseram suprimir a
liberdade, mas não foram muito longe. As instituições já haviam assimilado o
conceito de liberdade.
Porém a liberdade não
foi um conceito adotado e compreendido em todo o mundo. Há 60 anos Mises escreveu: “A idéia de
liberdade é e sempre foi peculiar ao ocidente. O que separa o oriente do
ocidente é antes de tudo, o fato de que povos do oriente nunca conceberam a
idéia de liberdade. A glória imortal dos antigos gregos era de que eles foram
os primeiros a compreender o sentido e o significado das instituições que
garantiam a liberdade.
Da Grécia antiga o
conceito de liberdade é transmitido aos romanos e mais tarde para toda a Europa
moderna e depois para a América. A história da civilização ocidental é o
registro de uma incessante luta pela liberdade.”
E a civilização
oriental? China, Japão, Índia e países
muçulmanos do oriente, construiram impérios poderosos, realizaram feitos
notáveis nas artes, na arquitetura, na engenharia, na literatura, na filosofia.
Mas por séculos o oriente se fechou, o modelo de construção destas civilizações
baseado na ditadura, no servilismo, na supressão da liberdade se esgotou e esta
região deixou de contribuir para o esforço intelectual da humanidade. Enquanto
a Europa se iluminava, a civilização oriental mergulhava ainda mais nas trevas:
apatia, indolência, indiferença, perda
do vigor e energia, decadência e empobrecimento progressivo.
O Japão acorda somente
após a segunda guerra mundial. Com apoio e influência do ocidente salta para um
período de liberdade e prosperidade.
A China, arrasada pelo
comunismo percebe, já próximo do final do século XX, que não há outra saída: liberdade aos seus
cidadãos para produzir, empreender, crescer, prosperar, apesar de ainda manter
um regime político implacável contra a
liberdade de expressão e o direito de escolher seus representantes.
A India, iludida pelo
socialismo, só começa a compreender a idéia de liberdade a partir do final do
século XX. Nunca é tarde para se dar os primeiros passos.
Porque no Oriente
Médio isto não aconteceu? Porque esta região não se deixou influenciar por este
extraordinário movimento que surgiu no ocidente?
A região, permeada por
ditaduras e monarquias, se isola e não consegue conceber a ideia de liberdade. Formas de cercear a
liberdade das pessoas ainda permanecem com muita força nesta região:
intolerância religiosa, servilismo, homofobia, punições cruéis para situações
que o ocidente já superou, como por exemplo o adultério, prostituição e
homossexualismo, apedrejamento em praça pública muitas vezes sem possibilidade
de defesa do acusado, proibição às mulheres de estudar, exercer uma profissão a
sua escolha, escolher um marido, dirigir automóveis, imposição às mulheres se
casarem ainda crianças, tolerância com a
violência doméstica e com o estupro contra as mulheres, restrições severas ao direito de ir e vir,
punições rigorosas a qualquer censura ou crítica ao governo, etc.
Esta é a triste realidade desta região: enquanto seu povo não
compreender o verdadeiro significado de liberdade, os conflitos não cessarão, o
ódio ao ocidente não diminuirá, não haverá democracia e não deixarão de existir
movimentos de ódio e crueldade naquele lugar. Até quando?
Manoel Almeida

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