A Sociedade e seus Valores

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Gosto de observar o comportamento da sociedade, seus anseios e necessidades e também observar as mais diversas compreensões a respeito dos assuntos sérios. Algumas pessoas ditam comportamentos, ou seja, o que elas dizem ou fazem são repetidos pelos  menos pensantes.

Observo que é costume no Brasil por parte de alguns intelectuais, e isto já vem de longe, romantizar e até transformar em heróis alguns notórios bandidos, traficantes e condenados pela justiça.
Parece que alguns intelectuais deste país gostam de propagar que a malandragem e o banditismo estão no sangue do brasileiro e por isso podem  ser tolerados e aceitos, transformados em piadas e brincadeiras.
Humanizar a figura do delinquente, transformar notórios guerrilheiros e agitadores em heróis de uma causa, são para estes intelectuais  a idealização do bem. Para estes, ladrões e assassinos  não são tão maus assim, mas produtos da  sociedade consumista em que vivemos; a polícia  e as classes superiores a quem ela serve são sempre más.

Também tenho notado ultimamente que sociólogos, psicólogos, cientistas políticos e outros estudiosos do assunto, vêm propagando  que o  banditismo é o reflexo passivo de uma sociedade injusta ou a expressão de uma revolta popular fundamentalmente justa.
Desta maneira, ações de vandalismo, invasões da propriedade alheia, tomada dos espaços públicos por manifestações de caráter político/partidárias, delinquência juvenil e outras, têm sempre as suas justificativas e por isso podem ser toleradas e aceitas.

Pouco importa que a contravenção e o crime sejam atos intencionais, desde que sejam praticados em nome de uma causa. A intenção e a culpa estão revogadas por um ativismo político praticado no coletivismo, basta se reunir 10 ou 20 cidadãos, vestir uma camiseta vermelha e um boné na cabeça.  Chamamos  de ativistas, eles são os cobradores de uma dívida social e assim tudo pode. Seus atos são justos, pois acreditam que a natureza conferiu direitos iguais a todos e assim merecem  receber uma parcela total que a natureza lhes outorgou.
Com esta maneira de pensar, instaura-se a crença de que o dever de ser bom e justo e respeitar as leis é válido  primeiro à sociedade e só depois aos indivíduos.
O esforço moral máximo de um indivíduo que é procurar ser justo, mesmo em uma sociedade injusta, não tem mais sentido. Será possível construirmos uma sociedade justa com “responsabilidade social” e não mais responsabilidade pessoal?

Na compreensão de alguns, quando um morador de favela comete um crime de morte deve ser tratado com clemência, porque pertence à classe dos excluídos e, portanto, inocentes.  Não é mais a ação que é preponderante no julgamento. Julga-se o indivíduo pelo que ele representa,  não pelo que fez.
Quando um indivíduo de qualidade moral duvidosa é morto em um cerco policial, toda ou quase toda a sociedade demoniza a polícia, enfraquecendo toda a instituição, como se fosse possível a existência da sociedade sem a policia. Políticos e celebridades costumam agir assim, procurando atrair para si a simpatia popular. Ai meu Deus, quanta hipocrisia.
Ideias assim, que hoje vêm das autoridades, dos intelectuais e dos chamados formadores de opinião, fortalecem o banditismo, aumentam a criminalidade, disseminam a discórdia, a indisciplina e o ódio, fomentam o conflito e o que é mais grave, enfraquecem o poder judiciário.

O individuo trabalhador, cumpridor dos seus deveres, fica a mercê de uma estranha justiça, que lança sobre a vítima a culpa pelos erros de uma entidade abstrata “o sistema” – “a sociedade injusta” - ao mesmo tempo que isenta o delinquente das suas responsabilidades pelos seus atos pessoais.
Que valores tem uma sociedade que assim estamos construindo?
Manoel Almeida
07.10.2014 

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