DESCONSTRUÇÃO DO SER

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Já no momento que o individuo nasce, inicia-se um longo processo de construção espiritual deste ser.  Mesmo aquilo que está consolidado em seu espirito, que é  a hereditariedade espiritual, passa por intensa  transformação, moldada pelas condições de vida e pelo ambiente em que este se desenvolve.  Após determinada  idade, que varia de pessoa para pessoa, está então moldado aquele ser – sua essência, suas características espirituais. Por exemplo, um árabe nascido e criado na Arábia, nunca será possível que ele venha a ter  hábitos, estilo de vida ou  estrutura de pensamento  de um ribeirinho, nascido na barranca do Rio Piracicaba. As características espirituais básicas de seu ser  foram moldadas dentro da sua cultura, bem diferente da outra.

Na fase adolescente desenvolvem-se  as  expectativas de futuro e escolhas:  estudar para ter uma boa profissão, seguir a carreira do pai,  tornar-se  atleta, ser  empresário, ser policial, casar, ter filhos e assim por diante. Alguns, nesta fase, por negligência ou abandono dos pais, má companhia ou outras causas, estão sujeitos a seguir  um caminho errado e perigoso.

Chega o momento em que este individuo tem que caminhar por si, quando  passa a prover,  com seu trabalho,  seu próprio sustento.  É um momento de autoafirmação, maior confiança em si, maior comprometimento  nas ações, mais responsabilidade  e onde suas palavras são mais ouvidas.  O que se espera deste individuo é que seja um cidadão de bem, responsável, que pelos erros e acertos  prospere e  cresça espiritualmente  durante sua  caminhada.

Neste momento pode acontecer um processo que eu chamo de desconstrução do ser. Comum em instituições religiosas, faculdades  e em partidos políticos, alguns indivíduos, nestes lugares, passam por um intenso processo de doutrinação, que os transformam  em um ser servil,  subserviente, submisso, os tais carneirinhos.

Para os mais inseguros e de baixa formação intelectual  (não escolaridade), pode acontecer uma  verdadeira sabotagem em sua essência. Nas religiões, o individuo gradualmente vai perdendo  sua identidade própria e então começa a imitar seus preceptores na maneira de falar, nos gestos,  nas palavras altissonantes, salvadoras,  que passam a ser a tônica de seu discurso, como  Deus, Jesus, amor, a voz vai se tornando baixa e sedosa e nota-se a imitação até nos trejeitos, acreditando que assim está evoluindo espiritualmente. Pode mesmo não ter mais opiniões próprias, pois desaparece a sua capacidade de pensar por si, não há mais variáveis de pensamento, passa a  repetir  sempre e somente o que ouve de seus  preceptores.  Para defender a corporação a que pertence,  se lhe for conveniente,  omite-se  diante da injustiça, cala-se diante da mentira,  curva-se  diante da inconsequência, pois o corporativismo, percebe logo, lhe é vantajoso. Alguns, acreditando ser discípulos de Jesus,  nem percebem que  se apressam em cortejar o agressor, seu preceptor a quem seguem, quando vê seu irmão ser esbofeteado  por este.
Passam a repetir sempre aquilo que os outros gostam de ouvir. Numa fase mais adiantada, se transformam em  bajuladores, lisonjeiros.

Nas faculdades e escolas, quando encontram  um ou mais professores que abraçam causas coletivistas distorcidas, são facilmente influenciados por estes com doutrinas que se transformam em ideologias, onde  seu  mundo vai se atrofiando e este passa a ser dirigido por ideias cegas, fora da realidade, criando em sua mente ilusões, fantasias e que vem a ser a tônica de sua vida.
Esta “doutrinação” também acontece em partidos políticos que se apropriam da mente destas pessoas, normalmente jovens, transformando-as em marionetes que lutam por causas na maioria das vezes inconsequentes, que só interessam a poucos que querem galgar o poder e/ou se manter  nele a qualquer custo.

Alguns indivíduos  chegam a  desenvolver em seu interior um intenso processo de dependência, de insegurança e hesitação. Qualquer atitude sua tem que estar escorada em alguém  que  acredita ser superior a si. O individuo perde  aquela ousadia própria em se  arriscar nos negócios, procurar um emprego melhor,  dar uma guinada em sua vida se necessário. Sua autoconfiança desmorona e ele passa então a ser completamente dirigido pela instituição que o moldou. Só se vê como  bonzinho, bonzinho, cumpridor de ordens, mas num estágio mais adiantado começa a ter dificuldades de sobrevivência.  A sua fragilidade espiritual cresce de tal maneira que não encontra  mais forças  para prosperar na vida. Vem então a resignação e o conformismo.

Um pai, quando percebe seu filho nesta situação, tem que agir rápido pra ter tempo de corrigir a rota e não permitir que o filho embarque nesta canoa furada repleta de fanatismo.

Por isso, você adolescente, você adulto, você de mais idade, seja sempre firme, determinado, tenha opiniões próprias, jamais se omita diante da injustiça, se cale diante da mentira, se curve diante da inconsequência. Não queira ser herói, mas uma pessoa com coragem e determinação sempre respeitando e ouvindo o próximo e sempre fazendo um exame criterioso antes de embarcar na ideia do outro.  Pessoas assim podem, em algum momento,  ser incompreendidas, perseguidas, censuradas, mas num tempo mais longo, são as pessoas mais respeitadas, mais ouvidas, são as que conquistam notável liderança entre seus familiares, no trabalho, na instituição a que pertencem e em outros lugares que costumam frequentar.
Manoel de Almeida
07/nov/2014

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